A doença de Alzheimer (50% a 70%) é a forma mais comum de demência. Estima-se que possui uma prevalência de 5% em pessoas com idade a rondar os 65 anos e 40% aos 85 anos. Trata-se de uma doença neurodegenerativa que provoca uma deterioração progressiva e irreversível das competências cognitivas.
O normal é esta doença ser diagnosticada a partir dos 65 anos, no entanto pode ocorrer mais cedo. Numa fase inicial começa por se manifestar em falhas mnésicas para acontecimentos principalmente recentes, esquecimento completo de acontecimentos (e não apenas partes de acontecimentos), perda de capacidades para seguir instruções, dificuldade em manter uma conversa, esquecer marcos históricos previamente aprendidos, etc. De uma forma geral, começa por afetar as áreas da Atenção, Concentração, Linguagem, Pensamento, Tomada de Decisão e Humor.
Importa ainda realçar que o processo de envelhecimento também provoca declínio cognitivo e motor, sendo assim importante estar atento e conseguir perceber se as alterações cognitivas são atribuídas ao avanço da idade ou se são sinais precoces da evolução de algum tipo de demência.
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A doença de Parkinson é uma condição neurológica que se caracteriza por uma degeneração lenta e progressiva das células nervosas (neurónios). Os neurónios são responsáveis por fazer a ligação entre as instruções cerebrais e o sistema nervoso e, estando estas células afetadas, surge um progressivo comprometimento ao nível do controlo dos movimentos.
Os sintomas desta doença só começam a surgir quando cerca de 80% dos neurónios estão afetados. Caracterizam-se normalmente por Tremores (principalmente quando a pessoa está em repouso, melhorando assim que se movimenta), Movimentos Lentificados (cansaço, fraqueza muscular e incapacidade de controlo motor), Rigidez (sensação de músculos presos) e Instabilidade Postural. Outros sintomas comuns são também a apatia, aumento de salivação, incontinência urinária, alterações de sono, ansiedade, memória fraca e comprometimento ao nível do discurso.
Não existe cura para o Parkinson, no entanto existe medicação farmacológica bastante eficaz no controlo dos sintomas e que influencia positivamente a qualidade de vida do utente. A prática recorrente de exercício físico ajuda também a retardar os sintomas motores e a promover a mobilidade.
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A demência Frontotemporal caracteriza-se por uma deterioração das funções nervosas de um ou de ambos os lobos frontais e temporais. Existem vários subtipos desta demência, mas os sintomas transversais são alterações ao nível do comportamento e da linguagem.
Numa fase inicial, alguns dos seguintes comportamentos podem auxiliar o diagnóstico: apatia ou falta de iniciativa, desinibição comportamental, inquietação motora, impulsividade, conduta social pouco adequada, alterações na articulação e compreensão de palavras. É também comum a existência de comportamentos agressivos e comentários inapropriados/desrespeitosos.
A grande diferença face a outras demências, é a uma maior alteração ao nível dos sintomas comportamentais e não tanto dos sintomas cognitivos. A fase de surgimento dos primeiros sintomas é também normalmente mais precoce que as restantes, com início entre os 40 e 65 anos.
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A Demência com Corpos de Lewy é uma condição neurodegenerativa que se caracteriza pelo aparecimento de esferas anormais (corpos de Lewy) dentro das células nervosas cerebrais e que contribui para a morte das mesmas.
Ao nível do comprometimento cognitivo, as principais áreas afetadas começam por ser a Atenção e Concentração, Funções Executivas (capacidade para planear e executar algo) e competências Visuoespaciais (percepção visual e espacial). É comum que as pessoas com este diagnóstico tenham episódios esporádicos de grande confusão mental (que pode variar de um momento para o outro), dificuldades em avaliar distâncias (que resulta muitas vezes em quedas), alucinações visuais ou auditivas, distúrbios de sono e parkinsonismo (tremores e rigidez muscular).
Embora com sintomas muito semelhantes aos da doença de Alzheimer, esta distingue-se por uma progressão normalmente mais rápida.
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A Demência Vascular é uma condição neurológica que tem como base um problema na circulação sanguínea no cérebro (AVC – Acidente Vascular Cerebral).
Dependendo muito da área afetada pelo AVC, o mais comum é afetar substancialmente o Humor (com períodos de sintomatologia depressiva acentuada), a Memória, Linguagem e capacidade de Abstração. Episódios de epilepsia podem também estar associados a este quadro clínico.
A tensão arterial elevada, sem qualquer tipo de tratamento, é um factor de risco que aumenta a probabilidade de enfarte e consequentemente Demência Vascular. Ritmos cardíacos inconstantes podem também provocar danos nas artérias cerebrais.
Importância da estimulação cognitiva no idoso
O processo de envelhecimento humano acarreta uma série de alterações físicas, funcionais, sociais e psicológicas. A nível cerebral, ocorre uma diminuição do número de células nervosas e diminuição da periodicidade e velocidade de contacto entre as mesmas. No entanto, independentemente da idade da pessoa, se o cérebro for estimulado cognitivamente há um efeito positivo na intensificação e fortalecimento das ligações sinápticas.
Inúmeros são os estudos que expõem os benefícios do uso da estimulação cognitiva como meio de preservação das competências cognitivas. Esta é a melhor forma de obter um bom funcionamento cerebral durante toda a vida. Através de exercícios específicos de reabilitação cognitiva, são estimuladas diferentes áreas e competências do cérebro de modo a evitar um declínio acentuado; competências como a Memória, Atenção, Concentração, Linguagem, Orientação, Cálculo, etc, são assim preservadas o máximo de tempo possível.
É fundamental investir no treino cognitivo para que o idoso consiga preservar as funcionalidades e melhorar a qualidade de vida.
Importância do acompanhamento do familiar ou cuidador
A família tem um papel fulcral na identificação de sinais precoces disfuncionais, inerentes ao processo de envelhecimento do idoso. São, na maioria das vezes, os primeiros a notar o aparecimento de pensamentos e comportamentos “anormais” e devem tentar perceber se se devem a um processo de envelhecimento normal ou à fase inicial de alguma demência.
É natural que surjam conflitos quando a situação, normalmente dos pais, passe a exigir mais responsabilidades e ajuda constante. De modo a proporcionar ao idoso um melhor bem-estar emocional e psicológico, é importante ponderação ao abordar este assunto para que os mesmos não se sintam um entrave à vida dos filhos.
Quando o idoso está em casa ou numa instituição, é importante fazer um acompanhamento periódico. Motive a integração na instituição, incentive a participação nas atividades e o convívio com os restantes, seja paciente quando reclamarem (pois ficam mais propensos à crítica) e ouça as histórias deles, mesmo que por vezes repetidas.
Nesta fase do ser humano, em que os objetivos de vida escasseiam, o bem-estar familiar é o maior alicerce para a qualidade de vida do idoso.
Como lidar com o envelhecimento e as demências
A necessidade de cuidados diários ou ocasionais, para com idosos, acarreta responsabilidades para as quais não temos qualquer preparação prévia.
É comum existir mudanças repentinas de humor, podendo acontecer que alguém que durante toda a vida tenha tido predominantemente uma postura calma e serena, tenha agora atitudes descontroladas e agressivas. É importante não criticar ou pedir para se comportarem, pois muitas vezes os comportamentos estão assentes em confusões mentais ou medos. Procure perceber a razão dos comportamentos.
Desorientações e perdas de memória são os sintomas mais recorrentes com o avançar da idade. Uma forma de, por vezes, ajudar a controlar uma situação destas é mudando o foco quando o idoso se sentir confuso (Ex. Se ele momentaneamente indicar que está num local que não deseja estar, mude o rumo da conversa ou procure transmitir-lhe segurança através de ‘falsas afirmações’ (ex. dizer-lhe que sair dali será prejudicial por algum motivo)).
Comunique de uma forma mais curta e simples, estabeleça rotinas de horários, promova a independência (não faça, ajude a fazer!), cuide da segurança (retire obstáculos dos corredores), regule a alimentação (pedaços pequenos de comida e elimine distrações ambientais nesta hora) e verifique a pele (há uma maior vulnerabilidade a lesões).